CENTRO SOCIAL DOM BOSCO
Em 1953 foi criado o Centro Social dom Bosco, entidade filantrópica da paróquia com o objetivo de promover a dignidade social da população carente de Taipu e, segundo o Padre Lucilo Alves Machado, o centro social visava o desenvolvimento da comunidade, estudando e resolvendo por si mesma, todos os seus problemas. Ainda que contasse com a assistência religiosa do vigário o centro social abraça qualquer credo religioso, revelando seu caráter ecumênico no sentido de promover a caridade cristã por meio de realização de cursos de capacitação para os jovens e adultos e assistência a população carente da cidade.
Sobre o centro social constam os seguintes registros do padre Lucilo Alves Machado (LT, p.37): "Desde a minha chegada tenho procurado melhorá-lo fazendo-o de real interesse para todos que fazem parte desta comunidade local [...]. O centro tem feito alguma coisa à pobreza, sobretudo ajudando-a a vestir-se facilitando a compra da fazenda, etc [...]."
O padre Lucilo procurou melhorar as condições físicas do centro social visando desenvolver um bom atendimento a população, mas essa tarefa coube ao padre José Luís da Silva devido a saída do padre Lucilo Alves Machado da paróquia. O centro social era composto pelos seguintes serviços: Clube de mães, Clube de jovens (misto), Clube infantil (misto), Clube agrícola, Clube esportivo, Escolas radiofônicas, Cinema Paroquial, Maternidade, Serviço odontológico, Serviço social e Ambulatório.
Reforma do centro social
A reforma no centro social foi iniciada no mês de abril do ano de 1956 pelo padre José Luís da Silva e após 3 meses, em 20 julho foi feita a inauguração do centro social. Foi realizada uma vaquejada em beneficio da reforma do centro social e, segundo o padre, tudo foi bem durante a realização destas obras. No dia da inauguração a missa foi transmitida pela Rádio Nordeste de Natal (LT, p.39).
Nova sede do centro social
Devido aos serviços oferecidos pelo centro social a sede foi se tornando pequena para acomodar todos os cursos e atividades realizadas no centro social, foi então que foi adquirida uma nova sede passando a funcionar num antigo grupo rural sem finalidade. Neste novo espaço havia as atividades de basquete, voleibol, jardim de infância, gabinete dentário onde tinha sido tudo adquirido para melhor funcionamento do Centro Social, nas palavras do padre José Luis da Silva “a cidade parece que começa a viver outro ritmo” (LT, p.40). Com a nova sede o centro social procurou melhorar os serviços oferecidos a comunidade e pela empolgação do padre com o novo local o centro social se tornou um espaço em que a cidade podia exercer sua cidadania e sociabilidade.
A sede do centro Social Dom Bosco funcionou de 1964 a 1996 no prédio onde atualmente está a sede do Grupo Escoteiro homônimo de onde saiu para ser abrigado em uma casa doada pela família Praxedes para servir de nova sede ao Centro Social situada na rua Cel. Manoel Eugênio. O Centro Social dom Bosco objetiva ser um espaço onde a comunidade possa crescer socialmente por meio de atividades e cursos de capacitação para erradicação da pobreza social da comunidade.


Escolas Radiofônicas
As escolas radiofônicas foi o método de alfabetização rural promovido pela Arquidiocese de Natal por meio do Serviço de Assistência Rural-SAR. Seu objetivo era erradicar o analfabetismo da população residente no interior do estado e que não tinha acesso ao ensino. A metodologia utilizada era a de transmissões de aulas por meio de aparelhos de rádio que eram distribuídos às comunidades rurais do município através dos monitores que tinha o papel de reunir as pessoas para ouvirem as aulas que eram transmitidas pelo rádio. Existiam em cinco comunidades rurais. Na paróquia a coordenação desse projeto foi confiada a dona Teresinha Dias. Das monitoras do projeto se tem conhecimento de pelo menos uma, a senhora Raimunda Lucas, mãe do padre Francisco Lucas de Souza Neto, na comunidade do Poço do Antônio. De origem carente dona Raimunda Joana Lucas reunia as pessoas em sua humilde casa para ouvir as aulas. Atualmente a escola daquela localidade homenageia essa ilustre educadora do município de Taipu.
Cinema e amplificadora da Paróquia
Ao tomar posse da paróquia o padre Rui Miranda havia encontrado um aparelho de cinema quebrado como também uma amplificadora ambos foram concertados e estavam, segundo o padre, funcionando satisfatoriamente (Cf. LT, p.43), não encontrei nos registros do livro tombo qual foi o padre que adquiriu o aparelho cinematográfico, já a amplificadora, que fazia as vezes de rádio comunitária, realizando avisos de interesse local, foi ideia do padre Ramiro Varela. O cinema paroquial era uma das poucas diversões que existiam na cidade nessa época, geralmente exibiam-se filmes religiosos e os que não eram de cunho religioso tinha que antes passar pela censura do padre antes de ser exibido à comunidade, sendo dai a importância do fato ter sido anotado pelo padre no livro tombo.
Em 11 de julho de 1960, o então padre Rui Miranda recebeu a nomeação de Cônego do cabido da catedral de Belém do Pará, através da solicitude do bispo dom Marcolino Dantas. Ainda sobre as anotações do Padre Rui Miranda, temos no mínimo duas observações pitorescas características de uma cidade interiorana: um escândalo na paróquia e o concerto da máquina de cinema, que foi por ele citado em 10 de abril de 1961(LT, p.43):
"Hoje a paróquia teve a grande tristeza de vê o seu ex-vigário, Pe. José Severino, se casar comercialmente com a senhorita [...]*. Fiz o que pude para se evitar este escândalo, mas tudo foi inútil. Nem sequer respeitaram o dia de hoje que é Domingo de Ramos. Apenas tenho que pedir a Deus e a Virgem do livramento que tenha piedade desta pobre alma que muito poderia fazer a Igreja de Deus nesta Arquidiocese em que se tem tanta necessidade de padres."
O sacerdote lamenta a perda do sacerdote onde seria de grande ajuda na arquidiocese que ora passava pela necessidade dos padres. O que mais chocou aos olhos do padre foi o fato do casamento “comercial” (civil) ter sido realizado num domingo de ramos, ou seja, numa solenidade religiosa em que aflui uma quantidade significativa de fiéis a esta celebração e, portanto, seria de conhecimento de toda comunidade a noticia do “casamento do padre”.
*O nome da senhora não foi citado para preservar a identidade da mesma.
Maternidade APAMI
Outra grande ação social desenvolvida na Paróquia Nossa Senhora do Livramento foi a construção da maternidade APAMI (Associação de Proteção e Assistência à Maternidade e Infância), em 1957, que devido a carência de um serviço de saúde na cidade de Taipu tinha o objetivo de promover ações de saúde nas áreas de ginecologia, obstetrícia e neonatal. Fruto dos esforços realizados da própria comunidade e com o apoio do Padre José Luís da Silva, a maternidade era, segundo ele, uma necessidade da comunidade, no relato a baixo, percebe-se o entusiasmo do Padre José Luís da Silva, quando fez a seguinte observação logo após a sua inauguração (LT, p.40): Era uma necessidade inconteste. Com os recursos da paróquia sem nenhuma ajuda do Governo, foi criada uma maternidade. Tudo foi doado pelo povo. Por isso eu acredito nela. Não veio de cima. O povo quis e realiza. Forma fazer durante 4 meses um estágio de obstetrícia, duas senhoras da cidade.
O interessante nesse relato é que a APAMI foi criada com os recursos próprios da paróquia, sem a ajuda dos poderes públicos, fato que justifica o apreço que a comunidade tinha pela maternidade. Como disse o Padre José Luís, ela não veio “de cima”, mas das doações do povo e por isso o padre acreditava ser esta uma obra fundamental para a melhoria da qualidade de vida primeiramente pelo atendimento ginecológico digno as mulheres e posteriormente a toda população. No ano de 1978 a maternidade era a única entidade que disponibilizava serviços na área de saúde em Taipu. Naquele ano foram realizados entre outros serviços ambulatórias: 5.307; consultas: 455; pré-natal: 84; pequenas cirurgias: 1.731; curativos/aplicações de injeções: 4.543; aplicações de vacinas: 2.008; sessões de fisioterapias: 255; partos normais: 241; tratamentos clínicos com internações e exames laboratoriais: 636; deslocamentos de ambulâncias: 132; atendimentos domiciliares: 151; e palestras sobre saúde: 15 (RICM, 1978).
Com o passar tempo tendo em vista a necessidade da comunidade à maternidade passou a fazer atendimentos em convênio com o SUS para atendimentos ambulatoriais para a toda a população. A sede da maternidade foi inicialmente numa casa adquirida na Rua Antônio Alves da Rocha. Em 1973 passou a funcionar na rua Cel. Manuel Eugenio. A maternidade esteve em funcionamento até o ano de 2004 quando foram encerradas as atividades desta instituição por meio da extinção da APAMI. Ao contrário do seu começo, o fim da maternidade não teve o apoio da população, tão pouco houve interesse dos órgãos públicos para evitar a sua extinção que acabou com um dos maiores símbolos de serviço público da cidade de Taipu.
Fonte: Arquivo Paroquial e Blog Crônicas Taipuenses
Fotos: Arquivo Paroquial, cedidas e Blog Crônicas Taipuenses
Imagens da antiga e nova maternidade:

